Transferência de votos

10/03/2020 12:43

Dentro de uma campanha política, o assunto que mais divide opiniões e, sem sombra de dúvida, é um dos mais estudados na ciência política, é a transferência de votos.

Muitos interpretam como sendo um fenômeno heurístico (uma forma de trabalho adotada provisoriamente como diretriz) esta passagem ou cessão, uma maneira de facilitar a escolha por um determinado candidato indicado por outro que de forma popular, exerceu um mandato aprovado e considerado. Neste caso, eleitor não busca uma clareza ideológica ou programática, segue um impulso sentimental de simpatia.

Interessante notar que a transferência de votos, não segue, nem nunca seguiu, historicamente falando, uma lógica. Ela tem a lógica do momento, significando dizer que uma pesquisa que traga um candidato com grande potencial de transferência de votos, não significa, obrigatoriamente, que esta transferência acontecerá. Pesquisas podem ou não aumentar o cacife para as apostas dos candidatos e seus apoiadores, mas precisamos ter em mente que elas não são infalíveis: seus acertos dependem de sua metodologia.

Quando, por motivos de inelegibilidade de um nome importante, quer por quaisquer dos motivos (judiciais ou legais impeditivos, um terceiro mandato, por exemplo) e um “poste” é escolhido para tentar uma substituição e manutenção do nome do “padrinho” em evidência, o sucesso poderá ou não advir. Vale lembrar que Lula conseguiu com Dilma, por duas oportunidades, perdeu com Haddad; e Eduardo Paes não conseguiu, com Pedro Paulo, fazer seu sucessor.

Quando o candidato escolhido para receber a transferência de votos, não tem carisma, é fraco, sem postura, mesmo que tenha um excelente currículo, a transferência só acontece se quem transfere é excepcional sob todos os aspectos e tem uma rejeição em percentuais, que não prejudiquem a transferência.

Uma relação política é interessante de ser mencionada: a fragilidade de candidatos redunda num aumento de número de disputantes. A fraqueza propicia ilusões de chances de mais oportunidades. Há um equívoco em entender que num cenário não polarizado, sobrará votos.

Particularmente, tenho como opinião que a transferência de votos, demanda um grande gasto financeiro na campanha, para tornar o nome do “poste” mais conhecido e palatável. Admiração também se compra, mas tem preço (mesmo que o “poste” tenha qualidades excelentes).

O sucesso é incerto. Não baliza, nem garante nada. Se dá um maior poder de barganha a que transfere, por outro lado, enfraquece e desacredita quem recebe a transferência.

Não podemos deixar de mencionar a hipótese do candidato, lançar e expor um nome, até às vésperas das convenções que definem o nome, quando ele que aguardou até o último momento venha a substituir o “poste”, diminuindo o tempo de exposição de seu nome, se poupando dos ataques. É uma tática de resultados inesperados e imprevisíveis.

 

Últimas