Transporte público: não existe mágica
A maior revolução feita em nosso sistema de transporte público, por ônibus, foi feita no segundo governo do prefeito Paulo Monteiro Gratacós.
Naquela época, ainda não existiam as facilidades da internet, muito menos da ciência da computação, que, aqui no Brasil, chegava bem devagar.
Todo petropolitano que morasse de Corrêas para baixo, estava ficando sem trabalho aqui nas principais Indústrias, pois existiam três tipos de tarifa, e o trabalhador dos distritos era o que pagava o valor mais alto.
Com a criação dos transbordos de Itaipava e Corrêas, deu-se um grande avanço, e para ser sincero, o maior até hoje.
Pouca gente sabe, a Prefeitura deveria informar melhor, que o passageiro que reside no 1º Distrito, quando paga a sua passagem, está pagando, embutido nela, um percentual que irá complementar a passagem dos distritos. Esse valor é destinado – ou era destinado – às empresas que, num regime de tarifa única, transportam passageiros para as regiões mais distantes. O passageiro das linhas mais próximas e curtas contribuíam socialmente para financiar as passagens dos que moram mais longe.
Sei que muita gente pergunta: e eu com isso? Eu respondo: tudo. Porque mal ou bem, quem mora no 1º Distrito tem todos os serviços, que os moradores dos distritos não têm, quer seja pelo abandono de muitos anos (só lembrado nas eleições) e principalmente, pelo tempo que perde, todos os dias, dentro dos ônibus parados no trânsito engarrafado, cada dia pior.
Parte dos brasileiros tem péssima memória, mas eu não, graças a Deus. Lendo em nossa Tribuna de Petrópolis, matéria com o título “CPTrans suspende Transpal E Turb assume operação de linhas na Posse”.
Quem muito brigou para que os ônibus da Posse fossem até o Brejal e demais localidades naquela região nos anos 70 e 80, foi o nosso querido eterno vereador da POSSE, aliás, um dos melhores vereadores da nossa Câmara em todos os tempos, Nelcy Costa.
Lembro também do sr. Moisés, antigo proprietário da Transpal, que a todos ajudava.
Naquela época, a famosa “Câmara de Compensação” repassava todas as semanas para a Transpal, o valor devido e, assim, a Transpal podia sobreviver. Agora, a demagogia criada em passado recente, achando que a Transpal pudesse sobreviver somente com as passagens da Posse, chega a ser criminosa.
Hoje, não sei como está funcionando “por dentro” a famosa caixa rosa das compensações, mas se foi quebrado o seu princípio do repasse daqui para os distritos, dentre em breve, as empresas que chegaram aqui, e não têm nenhum vínculo familiar ou afetivo com a cidade, não vão ficar com prejuízo por muito tempo. Num domingo, eles têm peito para retirar todos os ônibus dos distritos e deixar a cidade com um bom adeus, e não queira o poder público achar que pode isso ou aquilo, por que tem decisão do STF em que o “desequilíbrio econômico-financeiro” é admitido como razão para quebras de contrato de concessão ou permissão. Tudo o mais que se discutir é história do boitatá. Ninguém trabalha com prejuízo. Até quando se tenta por fora fazer o “equilíbrio”, quem paga a conta é sempre o povo. Congelar tarifas através de atos impensados pode levar outra vez o sistema para o caos.
Lá no final dos anos 90, se as antigas empresas tivessem se unido, e peitado o sistema, hoje a história seria outra, e ainda teríamos as empresas em nome de petropolitanos, que com todos os defeitos, sempre contribuíram para a cidade. O aviso está sendo dado: a velha história de que eu posso, eu sou isso ou aquilo e tudo resolvo já passou!