Tribuna de Petrópolis na inclusão de alunos com deficiência

Planejar um trabalho para classes de pessoas com deficiência exige cuidados especiais. A primeira coisa é conhecer o jovem e a família. Esse contato, além de ajudar o professor a saber com quem vai passar o ano, também orienta sobre os materiais específicos a serem usados em aula, auxiliando assim nas dinâmicas que serão trabalhadas. Desta forma, a Escola Municipal Paulo Freire, que atende especialmente alunos com deficiência intelectual, utiliza como seu principal instrumento de trabalho com os alunos a Tribuna de Petrópolis, procurando estimular neles o interesse pela leitura e pela informação.

A professora Paula Aguiar, conta que, mais do que os materiais de apoio, planejar uma aula inclusiva implica observar a Educação de modo amplo. E ela relata que é exatamente isso que a leitura dos jornais faz pelos jovens. Ela estimula o interesse pela informação e pela leitura de uma maneira bem interativa, e ainda fortalece o seu vocabulário.

“Desde o início de 2018, passamos a fazer a leitura diariamente e é nítida a evolução deles. A Tribuna é um jornal presente na cidade, e isso a torna uma aliada nossa. Nenhum dos alunos é alfabetizado, mas eles sabem reconhecer uma notícia importante pelo seu tamanho e pelas fotos. Daí eles escolhem e a gente lê para eles, explicamos e eles passam a se interessar mais pelo assunto em questão”, conta a professora.

Segundo ela, a dinâmica teve tanto sucesso entre os alunos que a escola adquiriu uma assinatura do jornal para que o trabalho fosse ainda mais contínuo e desenvolto. Ela conta que adoram a dinâmica do jornal de “ver os dois lados da moeda” e ouvir todas as partes envolvidas, e que assim eles conseguem entender a situação como um todo.

“Antes, a gente analisava sempre o jornal dos dias anteriores, e ainda assim o interesse deles já era grande. Aí a escola nos presenteou com uma assinatura da Tribuna, o que tornou o trabalho ainda mais atraente. A gente recebe as notícias do dia, e além de eles aprenderem, eles têm noção de que é o que está acontecendo no presente na cidade deles, e isso é muito bacana”, destaca.

Todos os alunos da escola possuem especialmente deficiência intelectual, mas somado a isso, alguns possuem também deficiência visual, auditiva, autismo e etc. 

A diretora da escola Ana Lúcia Rocha conta que a realização desse trabalho faz com que eles despertem curiosidade por vários assuntos de interesse público. Segundo ela, assuntos sobre política, infraestrutura e cultura são os que despertam maior interesse. Visando isso, a escola está promovendo a exposição “Saber Escolher”, que incentiva os jovens a entender sobre a política no país, como funcionam as eleições, como conhecer os candidatos e o que cada função exerce.

“Lemos uma matéria sobre o tombamento da Casa da Morte, e eles se interessaram muito pelo que viram. Então, promovemos uma palestra para falar sobre a época da ditadura e a censura”, declarou a orientadora Janir Lage.

A ideia dos projetos é que os alunos, apesar de deficientes, se sintam inseridos no mundo. Desta forma, eles entendem que possuem suas diferenças e limitações, mas são incentivados a interagirem de igual para igual uns com os outros, para que assim se sintam parte da sociedade em que vivem.