Troca de Nunes abrirá vaga na Alesp para policial que fez escolta de Lula

20/jun 18:40
Por Gustavo Côrtes / Estadão

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), deve nomear nos próximos dias o deputado estadual Rui Alves (Republicanos) para a Secretaria de Turismo no lugar de Rodolfo Marinho, atual titular do cargo.

A troca tem como objetivo abrir uma vaga para o policial federal Danilo Campetti, aliado do governador Tarcísio de Freitas, na Assembleia Legislativa (Alesp). Suplente do Republicanos, ele ganhará uma cadeira se um dos parlamentares da legenda se licenciar do mandato. É o que Alves fará ao ser indicado. O acordo foi costurado nos últimos dias e selado após a cúpula da legenda aceitar o pedido de Nunes para que Marinho ficasse como secretário executivo da pasta, para evitar a descontinuidade das ações em curso na área.

Agora, a secretária estadual de Esporte, Coronel Helena, que é a primeira suplente do Republicanos na Alesp, à frente apenas de Campetti, assumirá o cargo como parlamentar e pedirá licença logo em seguida, conforme combinado com Tarcísio.

O agente de carreira da PF batia ponto no Palácio dos Bandeirantes como assessor especial do governador até junho do ano passado, quando o Ministério da Justiça, ainda na gestão de Flávio Dino, cancelou sua cessão. A justificativa, na época, foi de que a corporação sofria com falta de efetivo devido à criação de novas diretorias.

Auxiliares de Tarcísio, no entanto, avaliam que o ato foi uma represália contra Campetti devido à sua participação na condução coercitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a operação Lava Jato e na escolta do petista a caminho do velório do neto, em 2019. A atuação do agente gerou revolta de integrantes do PT por ele ser um apoiador declarado de Jair Bolsonaro nas redes sociais.

Durante a campanha a deputado estadual, Campetti divulgou ostensivamente sua participação na condução coercitiva de Lula. Atualmente, ele é alvo de um processo administrativo disciplinar dentro da PF que o investiga pela presença no tiroteio de Paraisópolis, em outubro de 2022, quando Tarcísio, então candidato, teve uma agenda de campanha interrompida por um confronto entre policiais e criminosos. A troca de tiros deixou um morto.

Campetti chegou a ser afastado da sua função na PF, mas depois foi recolocado. O processo ainda está em curso e pode resultar em demissão.

Desde sua saída do Bandeirantes, o governador busca uma forma de o abrigar na Alesp, devido ao risco de a PF demiti-lo. Tarcísio chegou a oferecer a Secretaria Estadual de Turismo ao deputado estadual Tomé Abduch, que recusou. Nas últimas semanas, interlocutores buscavam uma solução que garantisse o policial no Legislativo paulista, sem depender da eleição do líder do governo na Alesp, Jorge Wilson, o Xerife do Consumidor, que é candidato à prefeitura de Guarulhos. Se eleito, o parlamentar terá que se licenciar do cargo. Caso perca, ele se mantém e não abre espaço para suplentes.

A relação do governador com o policial começou ainda no governo de Jair Bolsonaro. Naquele período, ele teve funções no ministério da Agricultura sob comando da hoje senadora Teresa Cristina e, a partir de dezembro de 2021, no gabinete de Tarcísio, então ministro da Infraestrutura.

Campetti também é próximo de Bolsonaro, com quem conviveu durante a campanha de 2018, quando foi destacado para a equipe de segurança do ex-presidente. Foi um dos agentes que o socorreu após a facada em Juiz de Fora.

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