Trump garante que cumprirá plano de deportação em massa de imigrantes

09/nov 07:35
Por Luiz Raatz, enviado especial / Estadão

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse à NBC News nesta sexta, 8, que uma de suas primeiras ações ao assumir o cargo em janeiro será tornar a fronteira americana com o México “forte e poderosa”. Quando questionado sobre sua promessa de campanha de deportações em massa, Trump disse que seu governo não teria “nenhuma escolha” a não ser realizá-las.

Trump afirmou que considera sua vitória esmagadora sobre a vice-presidente Kamala Harris um mandato “para trazer bom senso” ao país. “Obviamente, temos de tornar a fronteira forte e poderosa e, ao mesmo tempo, queremos que as pessoas entrem em nosso país”, disse ele à NBC. “E você sabe, eu não sou alguém que diz: ‘Não, você não pode entrar’. Queremos que as pessoas entrem.”

Sobre o investimento que precisará fazer para concretizar sua promessa, o republicano respondeu que não é “uma questão de preço”. “Não temos escolha quando as pessoas têm matado e assassinado, quando traficantes poderosos têm destruído o país. Eles agora vão voltar para os seus países, não vão ficar aqui. Isso não é algo em que você coloque um preço”, afirmou.

Deportações

Como candidato, Trump prometeu várias vezes realizar o “maior esforço de deportação da história americana”. Perguntado sobre o custo de seu plano, ele disse: “Não se trata de uma questão de custo. De fato, não temos escolha.”

Não se sabe ao certo quantos imigrantes ilegais vivem nos EUA, mas o diretor interino da Polícia de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês), Patrick J. Lechleitner, disse à NBC News, em julho, que um esforço de deportação em massa seria um enorme desafio logístico e financeiro.

Estima-se que 11 milhões de pessoas estejam no país ilegalmente, mas o republicano, durante a campanha, falava em deportar mais de 21 milhões. O Conselho Americano de Imigração calcula que a deportação em massa na escala prevista por Trump poderia custar US$ 315 bilhões aos cofres americanos, incluindo custos econômicos mais amplos por meio do impacto no mercado de trabalho.

Cooperação

Dois ex-funcionários do governo Trump envolvidos com a imigração durante seu primeiro mandato disseram à NBC News que o esforço exigiria a cooperação entre várias agências federais, incluindo o Departamento de Justiça e o Pentágono.

Na entrevista telefônica, Trump creditou parte de sua vitória eleitoral à sua mensagem sobre imigração. “Eles querem ter fronteiras e gostam que as pessoas entrem, mas elas têm de entrar com amor pelo país. Elas têm de entrar legalmente.”

Trump também destacou a coalizão diversificada de eleitores que ele atraiu, apontando os ganhos que obteve entre latinos, jovens, mulheres e asiáticos, com relação a 2020.

“Comecei a ver que o realinhamento poderia acontecer, porque os democratas não estão alinhados com o pensamento do país”, disse Trump à NBC. “Não se pode tirar o dinheiro da polícia, esse tipo de coisa. As pessoas entendem isso.”

Resistência

A promessa de deportação em massa, no entanto, deve colocar Trump em rota de colisão com as autoridades estaduais e municipais democratas, que disseram que resistiram às ordens, mesmo diante das ameaças do governo de suspender o repasse de recursos para Estados, cidades e polícias que não cooperarem com Washington.

A NBC News noticiou que Trump poderia reter subsídios federais de departamentos de polícia e xerifes que se recusassem a participar de programas de captura de imigrantes. Autoridades locais nas grandes cidades americanas, ligadas aos democratas, disseram que estão preparadas para se posicionar contra o plano de Trump.

Na Califórnia, onde vive uma das maiores comunidades de imigrantes dos EUA, o governador, Gavin Newsom, um democrata, convocou uma sessão legislativa estadual especial em dezembro para “salvaguardar os valores e os direitos fundamentais da Califórnia diante das ameaças de um novo governo Trump”.

Karen Bass, prefeita de Los Angeles, onde um terço da população é de origem estrangeira, emitiu uma declaração de solidariedade aos seus residentes. “Não importa onde você nasceu, como veio para este país, quem você cultua ou quem você ama, Los Angeles estará sempre ao seu lado”, disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimas