Túmulo de bebê que morreu há 147 anos é o mais visitado do Cemitério Municipal
Petrópolis conta com sete cemitérios municipais: Centro, BR-040, Itaipava, Secretário, Vale das Videiras, Brejal e Garibu. Segundo a Prefeitura, todos estão sendo preparados para receber os visitantes no próximo sábado, Dia dos Finados. Além da limpeza das campas e sepulturas, funcionários da Comdep também estão pintando os muros, varrendo e retirando o lixo. A previsão é que mais de 20 mil pessoas visitem os espaços no fim de semana.
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Considerado o maior do município, o cemitério do Centro também chama a atenção pelas suas histórias, ou melhor, pelas histórias das pessoas que lá estão enterradas. Ele é o mais antigo da cidade. Nele estão sepultadas grandes personalidades do país, o que torna o espaço um curioso atrativo turístico.
Entre os famosos que estão sepultados no Cemitério do Centro estão: o escritor austríaco Stefan Zweig e sua esposa Charlotte Elizabeth Altmann; o presidente Marechal Hermes da Fonseca e sua esposa, a cartunista Nair de Teffé; o poeta Raul de Leoni; o compositor e apresentador Flávio Cavalcanti e o major Julio Frederico Koeler.
Segundo a Prefeitura, os túmulos de Stefan Zweig e sua esposa Charlotte estão entre os mais procurados pelos turistas e recebe visitas, principalmente de estrangeiros, o ano todo. O judeu Zweig morou em Petrópolis na década de 1940, quando fugiu da 2ª Guerra Mundial. Em 1942, ele e a mulher se suicidaram na casa onde moravam na Rua Gonçalves Dias, no Valparaíso. Os corpos estão sepultados juntos no Cemitério do Centro.
Outro túmulo muito visitado é do compositor e apresentador Flávio Cavalcanti. As campas da família ficam logo no início do cemitério do Centro e chama atenção uma árvore bem no meio da sepultura. Ele tinha casa em Petrópolis, no Caxambu, e foi enterrado em 1986 na cidade.
O presidente e a cartunista
Andar entre as campas do Cemitério do Centro também é passear pela história do nosso país. Entre as mais de duas mil sepulturas estão a de um presidente da República e sua esposa. O Marechal Hermes da Fonseca e Nair de Teffé viveram boa parte da vida em Petrópolis, cidade que também escolheram para casar.
A sepultura onde está o casal é imponente e revela a depressão do ex-presidente após ser preso em 1922 ao envolver-se em diversos incidentes políticos, entre eles a Revolta do Forte de Copacabana. Após ser libertado, morreu, aos 68 anos, meses depois em Petrópolis.
Hermes da Fonseca casou com a cartunista Nair de Teffé no Palácio Rio Negro, em dezembro de 1913. Ele tinha 57 anos e ela, 27. Nair nasceu em Petrópolis, mas foi criada na França. Retornou à cidade várias vezes quando ainda era casada e também na época de solteira. Conhecida como uma mulher a frente do seu tempo, deixou um legado para a cultura do país. Morreu aos 95 anos, no dia seu aniversário, em 10 de junho.
O “Anjinho”
Apesar da existência de sepultaras de importantes personalidades do país, a mais visitada não é de qualquer personalidade que tenha ficado conhecida em vida. O espaço mais visitado no Cemitério do Centro é o túmulo de um bebê que morreu há 147 anos, em 1872. Chamado de “Anjinho” ele é visitado o ano inteiro e, de acordo com a Prefeitura, é o mais procurado também no feriado dos Finados. A campa branca e com a imagem de um anjo está sempre ladeada de presentes. Segundo os coveiros, os “mimos” são deixados por pessoas que tiveram graças alcançadas.
“Anjinho” era Francisco José Alves Souto Filho, que morreu três meses depois de nascer com problemas pulmonares. O menino era neto de um amigo próximo a Dom Pedro II. Anos depois, o coveiro Jaime Lira pediu a intercessão dele para se curar de um úlcera. Depois de alcançar o milagre, a fama do Anjinho começou a espalhar e hoje a campa do menino é uma das mais visitadas da cidade.