UE realiza eleições nesta semana para o Parlamento Europeu, com potencial avanço da direita

03/jun 16:36
Por Gabriel Bueno da Costa* / Estadão

Todos os 27 países da União Europeia realizam, entre os dias 6 e 9 de junho, eleições para as 720 cadeiras do Parlamento Europeu e a formulação de políticas da Comissão Europeia, braço executivo do bloco. Há expectativa de ganho de espaço de nomes à direita e mesmo da extrema-direita, o que pode provocar impacto duradouro na UE e ajudar nomes desse campo em países da região, como na França e na Itália.

Eleitores baseiam suas decisões muitas vezes em preocupações nacionais, ao votar para o Parlamento Europeu. No caso francês, muitos usam a disputa para demonstrar seu descontentamento com a condução da economia pelo presidente Emmanuel Macron, para ajudar o setor agropecuário ou tentar reforçar a segurança. A líder de extrema-direita Marine Le Pen não está na disputa, mas pode emergir como uma das grandes vencedoras, pois as pesquisas apontam que o partido dela, Reagrupamento Nacional, ficará à frente no país, enquanto ideias contrárias à imigração e uma agenda nacionalista ganham apoio no continente. Líder da chapa do partido ao Parlamento Europeu, Jordan Bardella defende limitar a movimentação de imigrantes dentro da UE, reduzir a pressão do bloco sobre a Rússia e recuar em normas para lidar com mudanças no clima.

Na Itália, o partido da premiê Giorgia Meloni, Irmãos da Itália, deve avançar em peso no Parlamento Europeu, com potencial papel na coalizão majoritária no Legislativo do bloco. Após concorrer com uma plataforma anti-UE, Meloni ajustou sua retórica, no momento em que o bloco coloca mais de 210 bilhões de euros (US$ 228 bilhões) em fundos de recuperação na Itália. Meloni tem como aliada potencial a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que não descartou incluir o partido na coalizão, se necessário.

Na Alemanha, o quadro é mais dividido, na primeira eleição em nível nacional desde que o chanceler de centro-esquerda Olaf Scholz chegou ao poder, no fim de 2021. O governo está com popularidade baixa, com a economia fraca. O Alternativa para a Alemanha, AfD, de extrema-direita, teve reveses recentes. Em janeiro, uma reportagem mostrou que extremistas se reuniram para discutir a deportação de milhões de imigrantes, incluindo alguns com cidadania alemã, e que algumas figuras da sigla participaram. A reportagem gerou grandes protestos contra a ascensão da extrema-direita.

No mês passado, um assistente de Maximilian Krah, principal candidato do AfD na eleição europeia, foi preso sob suspeita de espionar para a China. O candidato número 2 da sigla, Per Bystron, é investigado após negar alegações de que pode ter recebido dinheiro de uma rede pró-Rússia. O partido enfrenta críticas por ter posições amigáveis à Rússia. O AfD ainda buscará avançar dos 11% dos votos obtidos na eleição de 2019 do Parlamento Europeu.

*Com informações da Dow Jones Newswires

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