Um ano após catástrofes, Centro Histórico tem diversas lojas fechadas

De acordo com a Junta Comercial do Rio de Janeiro (Jucerja), 505 comércios fecharam as portas em Petrópolis de janeiro a dezembro de 2022

21/03/2023 16:35
Por Helen Salgado

Basta percorrer pelo Centro Histórico para notar diversas lojas fechadas, principalmente na Rua do Imperador. O medo de novas catástrofes e o movimento ainda fraco do comércio, além do histórico de aluguéis caros, têm sido verdadeiros desafios na vida de quem empreende no município.

Foto: Helen Salgado

De acordo com a Junta Comercial do Rio de Janeiro (Jucerja), 505 comércios fecharam as portas em Petrópolis de janeiro a dezembro de 2022. Os dados são de todos os segmentos.

No que diz respeito aos comércios que abriram, a Jucerja informou que 413 lojas iniciaram as atividades na cidade no último ano.

Foto: Helen Salgado

Aluguéis caros

Petrópolis tem um histórico de aluguéis caros. Irene Medeiros, consultora imobiliária, diz que a média do valor do m² das lojas disponíveis para locação no Centro Histórico gira em torno de R$ 232,00.

“Além do histórico de aluguéis caros, outro fator que contribui muito para o aumento da oferta de lojas foram as últimas chuvas, principalmente as chuvas de fevereiro e março de 2022, que aumentaram a insegurança do comércio petropolitano nessa região.”, comenta Irene.

A consultora imobiliária diz que a prova disso é a baixa disponibilidade de imóveis para locação em ruas elevadas, como Dr Nelson de Sá Earp, General Rondon, Aureliano Coutinho e Paulo Barbosa, que possuem custo de m² consideravelmente menor do que os imóveis do Centro histórico – em torno de 40%.

Possibilidades para os comerciantes

Além da necessidade de intervenções do poder público para diminuir os impactos das chuvas recorrentes no Centro, outra possibilidade, que depende somente dos proprietários dos imóveis vagos, segundo a consultora, é a divisão das lojas grandes, com mais 150m², em lojas menores.

As lojas com maior custo por metro quadrado são as de 50 a 100m² (R$ 440,00 por m²), enquanto as lojas acima de 150m² possuem custo de locação menor (em torno de R$ 85,00m²).

“Isso se dá, obviamente, por conta da maior procura por imóveis com dimensões intermediárias.”, explica.

Além dessa possibilidade, Irene diz que os imóveis em galerias podem ser uma boa solução também porque o empresário fica na região central e o custo é menor, com o m² custando, em média, R$123,00.

“O ponto negativo fica no tamanho médio desse tipo de imóvel (30m²), limitando a atividade do empresário petropolitano e da possibilidade de enchentes nas galerias mais baixas.”, conclui.

Superação

Camila Pires e o pai são proprietários da Padaria Joana D’Arc, localizada no Castelânea. Na primeira tragédia, em fevereiro, o estabelecimento ficou completamente devastado. Com uma história de mais de 60 anos, Camila e o pai tiveram um prejuízo de cerca de R$100 mil com a catástrofe do último ano.

Foto: Arquivos Camila Pires

A padaria não foi atingida pelo segundo temporal, porque estava fechada. Eles levaram dois meses para conseguir reabrir. “A Rua 1º de Maio caiu toda na padaria, então ficou muita lama e equipamentos quebrados.”, lembra.

Com um prejuízo inesperado e muito trabalho pela frente, Camila conta que ela e o pai pensaram muitas vezes em desistir e não reabrir. Para conseguirem se reerguer, ela diz que eles precisam contratar um empréstimo. “O que é uma ajuda, porém não deixa de ser uma grande dívida da qual ninguém estava preparado.”, finaliza.

Disponibilização de crédito

No que diz respeito ao auxílio aos empresários petropolitanos, o Sicomércio Petrópolis destaca que a Fecomércio-RJ, atendendo a um pedido do Sicomércio, viabilizou, junto ao Governo do Estado, o auxílio da AgeRio para a disponibilização de crédito. A maioria dos empresários que fez a solicitação conseguiu a ajuda que incluiu uma linha de crédito sem juros. Na época, mais de 3 mil comerciantes foram contemplados.

Nesta terça-feira (21), um Projeto de Lei que prorroga em 12 meses o prazo para que empresas – que tiveram prejuízos com a tragédia do último ano – efetuem pagamentos de parcelas de empréstimos fornecidos pela Agência Estadual de Fomento – AgeRio, foi aprovado na Alerj. Leia mais: Projeto aprovado na Alerj, nesta terça (21), beneficiará empresas atingidas pelas chuvas do último ano em Petrópolis | Tribuna de Petrópolis

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