Um ano depois da maior tragédia socioambiental do município, Petrópolis ainda tenta se reerguer

15/02/2023 08:00
Por Editorial/Grupo Tribuna de Petrópolis

Um ano depois da maior tragédia socioambiental da história do município, Petrópolis ainda tenta se reerguer. No entanto, ainda é difícil saber o que sobrou daquele dia 15 de fevereiro e 20 de março de 2022. 

Não houve quem não ficasse inconformado, atitude legítima, principalmente ao levar em consideração o vasto histórico de perdas causadas pelas chuvas na cidade. 

A verdade é que em todos os verões sobram angústias, medo, insegurança e faltam ações efetivas dos governantes em todas as esferas do poder público, principalmente em relação às áreas mais carentes. Ninguém, absolutamente ninguém, escapa dessa conta: 241 vidas perdidas; 234 somadas às outras sete do dia 20 de março, mortes que poderiam ter sido evitadas. 

Simbolicamente, humanidade, compromisso com o povo e amor ao próximo constam na ata de posse de qualquer governante à frente de um cargo, cuja intenção é representar uma cidade, um estado, um país e uma nação. Elas não estão lá escritas, sublinhadas, destacadas, mas, para bom entendedor, elas estão nas entrelinhas.

Foto: Breno Madeira – A Câmara dos 15 vereadores.

As imagens que correram o Brasil e o mundo chocaram e ainda chocam. O New York Times definiu o momento como “o pior desastre natural da história do Brasil”. O The Guardian, como “inundações devastadoras”. O argentino Clarín, definiu os vídeos que circularam pelas redes sociais como “cenas de horror”. Ruas inteiras transformadas em rios, pessoas tentando sair de ônibus, levadas pela correnteza, soterradas. Vidas inteiras perdidas e marcadas pela destruição, de quem partiu e de quem ficou.

À medida que o tempo passa, a vida de quem sobreviveu e teve que buscar maneiras de se reerguer retorna à “normalidade”, palavra entre aspas mesmo – já que pouco se fez, de lá para cá, para devolver a quem perdeu tudo de mais valioso – família, amigos, gente querida – além de bens materiais, conquistados com trabalho e suor, o mínimo de dignidade. Isso porque muitas famílias ainda são obrigadas a reviver o trauma em meio aos escombros e toda a terra deixada no trajeto que elas fazem diariamente, mesmo após um ano do completo caos.

E um ano depois, nós questionamos: quais são as medidas do poder público para evitar que o pior aconteça novamente? 

Os rastros da tragédia ainda estão por todos os cantos e, mais do que isso, o medo de que o pior aconteça, mais uma vez, ainda é presente. Só não vê quem se recusa. E se recusar é o caminho mais fácil de seguir em frente, principalmente para quem não foi diretamente afetado. 

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