Um governo desvairado
Muitos talvez não estejam alcançando a situação caótica que o país enfrenta, apesar do desemprego, da inflação e das dificuldades de cada um saldar suas dívidas. O governo, diante de sua prepotência e arrogância, chegou ao paroxismo da irresponsabilidade deixando de governar para transformar o Palácio do Planalto em palanque político, diariamente, atropelando e fugindo de sua finalidade, ultrapassando sua liberdade de ali funcionar como sede de um governo dito democrático, preocupada somente em satisfazer seu ego soberbo, para ouvir os aplausos da camarilha gritar contra um imaginário golpe por total falta de argumentos plausíveis para se defender. E seus asseclas, teimam também em se segurar nela como se fosse uma bóia de salvação para escapar do naufrágio da nave que soçobra.
O poeta alemão Goethe foi enfático quando declarou: “ Não importo de me contradizer porque não me envergonho de raciocinar”. Já Tancredo Neves dizia: – “Ser comunista na juventude é aceitável, mas depois de adulto, aí já é mau caráter”.
Assim, talvez, inconscientemente, a grande maioria dos brasileiros está a lhes prestar uma homenagem com suas atitudes, salvo aqueles que o fazem por interesse político ou econômico, como um grande e importante empresário, depois de declarar, sem pudor, em épocas passadas, que “Lula seria o maior presidente do Brasil”, agora, apavorado, declara que a situação é caótica diante da queda vertiginosa do PIB. Empresários mercenários desse tipo agora se desnorteiam esquecendo-se do quando ganharam e ajudaram a afundar o país.
Mas por outro lado, merecem o nosso maior respeito outros tantos que têm a humildade de reconhecer seus respectivos erros, como o músico Lobão que, em carta aberta aos seus antigos companheiros Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque (o que todos deveriam tomar conhecimento), tenta abrir-lhes os olhos e o coração, pedindo a Chico que dirija aos brasileiros seu pedido de perdão por sua visão radical.
Além de Lobão, também nos aparece a declaração da jornalista Miriam Leitão escrita em 29/02/16 em sua coluna semanal, num desabafo sincero e consciente, o que só poderá engrandecê-la: – ”Lutei contra a ditadura, sim! Tomei borrachadas, grávida com 18 anos, engoli gaz lacrimogênio, corri da cavalaria na Av. São João em direção à Praça Antonio Prado e à Praça da Sé. Participei das perigosas assembleias dos sindicatos, onde milicos escondidos na massa guardavam na memória o rosto dos mais exaltados. Arrisquei o emprego, pichei muro com o slogan “Abaixo a Ditadura”. Distribui panfletos. Morri de medo. Chorei quando anunciaram a devolução do poder ao povo: eu e mais alguns milhões. Hoje, vendo pessoas morrendo em filas de hospitais, bandidos matando por R$ 10, pessoas andando feito zumbi nas ruas por causa das drogas, adolescentes que não sabem quanto é 6 x 8, meninas de 14 anos parindo filhos sem pais, toda a classe política desse país desfilando uma incompetência absurda, o nosso país sendo ridicularizado por tantos escândalos… Eu peço perdão ao Brasil pela porcaria que fiz… Deveria ter ficado em casa.”
Assim, que possamos pulverizar o Brasil dessa corja e que os céus orientem os que comandam o governo e os empresários, permitindo dar uma meia trava no bonde da vida para que todos possam embarcar, patrioticamente, e ajudar, dentro da capacidade de cada um, no engrandecimento do país. – jrobertogullino@gmail.com.br