Marcas da tragédia ainda estão por toda a cidade

15/03/2022 05:00
Por João Vitor Brum, especial para a Tribuna

Trinta dias já se passaram e parece que as feridas de Petrópolis permanecem abertas após o pior temporal da história da cidade. A poeira nas ruas, marcas de lama e o trânsito intenso estão na rotina petropolitana. O assunto principal nas ruas continua sendo a chuva do dia 15 de fevereiro, o barulho de trovões assustam mais do que nunca. Em meio a isso tudo, fica a pergunta: será que tudo vai voltar ao normal?

Do dia 15 pra cá, foram registradas 5.802 ocorrências pela Defesa Civil, sendo 4.970 deslizamentos. Entre os registros, pelo menos 3 mil ainda aguardam laudos. De qualquer ponto da cidade, é possível ver barreiras nos morros ou destroços nos rios.

Não é preciso andar muito pela cidade para perceber que as marcas da tragédia estão por toda parte. Nos bairros mais afetados, em especial na região do Alto da Serra, muitos locais estão há um mês da mesma forma, enquanto no Morro da Oficina as buscas por desaparecidos continuam.

Porém, até em regiões movimentadas, nobres e turísticas, ainda não foi possível empurrar a lama fazer a limpeza e remoção do que a enxurrada deixou para trás. Uma volta rápida ao Centro Histórico ilustra bem isso.

Praça da Liberdade (Foto: João Vitor Brum)

Na Praça da Liberdade, uma das principais áreas de lazer do primeiro distrito, um deslizamento levou bancos e canteiros, além de parte do guarda-corpo de uma das pontes no entorno da praça. Hoje, a área ainda está interditada e os destroços permanecem ali, no leito do Rio Quitandinha. 

Perto de outro ponto turístico importante, o Palácio de Cristal, muita lama permanece nas ruas e, principalmente, na calçada da Rua Padre Siqueira. A via foi atingida por um deslizamento que começou na Rua Domingos Andrade Bastos. Em um outro trecho da Padre Siqueira, mais lama sobre a calçada e impedindo a passagem de pedestres.

Bem ao lado do Palácio, em um dos lados da Praça da Confluência (trecho onde o Rio Quitandinha deságua no Piabanha, no entorno do Palácio de Cristal), há um pequeno deslizamento. Ainda nos arredores do Palácio, um trecho da Avenida Piabanha cedeu e passa por reparos, além de árvores que caíram – delas, permanecem apenas a base dos troncos.

Avenida Piabanha (Foto: João Vitor Brum)

Já na Rua Doutor Nelson de Sá Earp, uma série de deslizamentos que atingiu pelo menos dois prédios ainda pode ser vista. Em um dos apartamentos afetados, a lama ainda está em um dos cômodos.

Deslizamento Rua Nelson de Sá Earp (Foto: João Vitor Brum)

Em todo o Centro, entretanto, a poeira ainda é uma realidade presente, em especial em dias ensolarados e basta uma rápida chuva para que a lama escorra pelas calçadas e vias. 

Mudanças no trânsito dificultam o deslocamento

Nos dias seguintes à tragédia, a principal orientação para a população era para que evitasse deslocamentos pela cidade, a não ser que fosse extremamente necessário. Mas semanas depois, o trânsito continua intenso, em especial devido a mudanças de sentido ou interdições de vias importantes.

Um dos principais exemplos é a Rua Monsenhor Bacelar, que antes da tragédia era o principal acesso aos bairros do Quitandinha e Valparaíso, mas hoje opera em mão dupla por causa das interdições parciais que permanecem na Rua Washington Luiz.

Rua Monsenhor Bacelar/Barão do Amazonas (Foto: João Vitor Brum)

Outra via que precisou ter a mão dupla implantada foi a Rua Doutor Nelson de Sá Earp, agora também ligando a Praça da Liberdade à Rua do Imperador. No total, seis vias ainda estão totalmente interditadas.

No Centro, permanecem totalmente interditadas as Ruas do Túnel e Barão das Águas Claras. No Alto da Serra, um trecho da Estrada do Paraíso e a Rua Carmen Ponte Marcolino também estão com o acesso bloqueado. Já no Itamarati, a Rua Gregório Cruzick continua sem acesso, assim como a Avenida Portugal no Valparaíso. 

Além de gerarem mais congestionamentos, as interdições também afetam as viagens de ônibus da cidade. Apenas no dia 8 de março, 535 viagens de ônibus foram perdidas devido aos problemas de locomoção na cidade. Mesmo assim, a CPTrans oficiou as empresas para que 100% das linhas voltassem às ruas.

Pontes ainda precisam de recuperação e vistorias

Parte importante na paisagem petropolitana, as pontes também foram muito afetadas pelo temporal de fevereiro. Com rios cortando praticamente todos os bairros da cidade, não é preciso muito esforço para encontrar estruturas com avarias.

Ponte em frente à Catedral São Pedro de Alcântara (Foto: João Vitor Brum)

Na ponte em frente à Catedral São Pedro da Alcântara, na esquina com a Rua 13 de Maio com a Avenida Koeler, os guarda-corpos foram levados pela água e ainda não foram substituídos. A mesma situação é vista nas ruas do Imperador e Souza Franco. 

Rua Roberto Silveira (Foto: João Vitor Brum)

Já na Avenida Roberto Silveira, parte do guarda-corpo foi remendada com pedaços de madeira para impedir que a estrutura caísse no leito do Rio Piabanha.

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