Um mês após o anúncio da ampliação das medidas restritivas de enfrentamento à covid-19, a taxa de ocupação dos leitos de UTI do SUS em Petrópolis ainda não regrediu. Pelo contrário, os números dispararam. No dia 04 de março, quando o prefeito interino Hingo Hammes anunciou que seria adotado, entre outras medidas, o toque de recolher, a taxa de ocupação dos leitos de UTI do SUS estava em 69,23%. Neste sábado, dia 03 de abril, a taxa chegou a 94,07%. Ou seja, em trinta dias de restrições, a taxa subiu cerca de 25%. Hoje, a Prefeitura volta a discutir a prorrogação ou não, do fechamento parcial do comércio e atividades não essenciais.
As primeiras medidas anunciadas, que começaram a valer no dia 05 de março, foram o toque de recolher entre 22h e 5h, e a restrição no horário de funcionamento dos bares, restaurantes e congêneres. As medidas valiam até o dia 15 de março, quando a Prefeitura publicou um novo decreto prorrogando e ampliando as restrições para atividades em templos religiosos. Passado uma semana, um novo decreto foi publicado delimitando novos horários de funcionamento para o comércio. E também foram reativadas as ações de fiscalização nas barreiras sanitárias, mas, ainda assim, abertas aos turistas que comprovassem a entrada para compras ou hospedagem na rede hoteleira.
Já no dia 25 de março, em meio ao fervor em torno das discussões sobre as medidas restritivas anunciadas pelo governador em exercício Cláudio Castro, o prefeito interino Hingo Hammes bambeou, mas acabou acatando parte do que foi determinado pelo Governo do Estado. Manteve as medidas restritivas que vinham vigorando desde o dia 05 de março, antecipou os feriados, mas a princípio, permitiu que o comércio continuasse funcionando até o fim das determinações estaduais.
Mas já com 99,07% de ocupação dos leitos de UTI do SUS no dia 30 de março, o prefeito interino decidiu publicar um novo decreto com medidas mais restritivas para o comércio e atividades não essenciais. Parte do comércio, que já vem sangrando desde o ano passado, se posicionou contrário. E vem insistentemente tentando reverter o decreto de fechamento. Ainda que a intenção seja não apenas evitar aglomeração, mas evitar a circulação de pessoas nas ruas. A população insiste em desrespeitar os decretos. Vários episódios vêm sendo registrados nas redes sociais, e muitas vezes flagrados por agentes da fiscalização da Prefeitura.
Desde o início da retomada da fiscalização nas barreiras sanitárias, no dia 23 de março, mais de 900 veículos que vinham de outros municípios foram barrados nas entradas. Em meio a tentativa de conter a população, ainda teve desrespeito por parte de gestor, como o governador em exercício Cláudio Castro que fez uma festa para comemorar seu aniversário no último fim de semana, com mais de 20 pessoas, em um condomínio em Itaipava.
Isso, sem contar, os coletivos que continuam transportando passageiros acima do limite seguro já estabelecido dentro das medidas de enfrentamento a covid-19. Houve diversas tentativas da Prefeitura, CPTrans e Câmara Municipal para tentar aumentar a oferta de ônibus, mas todas investidas não tiveram sucesso, até agora.
Município está perto do limite de ampliação da rede de saúde
O quadro epidemiológico do município continua sendo o pior possível, desde o início da pandemia. Nesta semana, quando anunciou a abertura de novos leitos de UTI e administração pela Prefeitura do Hospital Clínico de Correas, Hammes disse, em tom alarmante, que o município está perto da capacidade de ampliação da rede de saúde. Se o grave quadro permanecer, não haverá o que fazer.
“Estamos abrindo mais leitos para garantir os atendimentos, apoiando inclusive a rede privada, mas vamos chegar a um momento em que não haverá mais para onde expandir a rede. Não haverá mais equipamentos, nem insumos, nem médicos. Já estamos, todos, hospitais públicos e privados, operando com estruturas extras”, frisou.
Como antecipou a coluna Les Partisans deste domingo, o prefeito interino convocou empresários de vários setores para uma reunião para decidir se contínua com as medidas restritivas de fechamento parcial do comércio. A expectativa é que sejam adotadas medidas que sejam efetivas para diminuir a taxa de contágio e especialmente as internações por covid-19, na rede pública e privada no município.