Uma praça de luz
Li na imprensa local que está sendo criada e urbanizada uma nova pracinha no 1º distrito. Estará implantada no início da rua Oscar Weinschenck, bem ali pertinho da rua Irmãos D´Ângelo e bem próxima ao prédio da Câmara Municipal.
Muito bom, muito bem, parabéns para todos nós; um espaço de sol, luz, lazer no centro histórico será sempre bem-vindo.
Esclarece a notícia que o novo espaço (um espacinho, mesmo pequeno, porém muito querido) receberá, ou já recebeu, o designativo de Praça Stefan Zweig.
Ora, por que Stefan Zweig? O internacional escritor que escolheu Petrópolis como último refúgio para por cobro à sua vida peregrina de refugiado de guerra, já está homenageado com uma rua, em nome de escola e, até, sua derradeira morada virou um memorial aberto à visitação pública. E, ainda, sua sepultura no cemitério municipal é um bem turístico e histórico de elevada empatia. É preciso mais?
Qualquer homenagem ao autor de “Brasil, País do Futuro” é justa, pelo seu valor de literato e sua luta mundial contra as ideologias fascistas, das quais ninguém está livre, mas uma homenagem a mais em Petrópolis, entendo ser demasiada.
Glória sempre e eterna a Zweig e o mundo inteiro reconhece e a ele presta tributo de muitas formas e maneiras.
Aquele espacinho de luz, a ser aberto e povoado para o lazer, poderia ter uma outra denominação, mais apropriada e verdadeiramente petropolitana e de imensa justiça. Naquela rua, um pouco acima da praça projetada, na casa nº 300, residiu um grande carioca-petropolitano que trabalhou, como ninguém, em favor da cidade, sua promoção, sua dignidade política, seu desenvolvimento. O grande cidadão foi político e, vereador, presidiu o Legislativo petropolitano; foi um imenso artista cênico, diretor de teatro, apaixonado pelas artes em todas as suas manifestações; homem público, foi secretário municipal em diversas oportunidades, onde seu destemor, coragem e competência, ajudaram ao crescimento do município; homem de bem, solidário, estava sempre à disposição quando se tratasse da melhoria de nosso povo e da cidade; fraterno e leal, encampava com comovente idealismo os melhores projetos e a cada um que abraçava, deitava muita energia e trabalho, tornando-se vencedor dos mais penosos compromissos projetados à sua frente.
Talvez ele não agradasse a todos, porque era muito franco, não levava problemas para casa, discutia as melhores alternâncias, ia e vinha, não parava, caminhava sempre à frente. Sua espontânea gargalhada soava da Praça Visconde de Mauá, atravessando a Irmãos D´Ângelo e virando a primeira curva para a 16 de Março e, ali na padaria-bar La Fornarina, abria de par em par o escaninho de sua inteligência privilegiada, pronta para o justo combate. Era ouvido, discutia, palpitava ideias que renovavam esperanças e alimentavam magias do bom viver.
Assim era, foi, o Calau Lopes, amigo fiel e sincero de Petrópolis e sua gente, que deveria receber a homenagem que se intenta prestar ao tão homenageado Zweig.
Eu concordo com esta minha sugestão e peço a quem tem a caneta, o papel, o timbre, que nomeie a pracinha de Praça Calau Lopes. Tenho absoluta certeza que o lugarzinho será mais encantador, mais acolhedor, mais festivo e de muita luz, sob o olhar de Calau Lopes, lá da cena aberta onde encanta todos os deuses da eternidade com seu talento e carisma.
Ai, Praça Calau Lopes ?! É justo merecimento e Petrópolis registrará o seu agradecimento pela digna vida que Calau Lopes deu de presente à nossa – e dele – Cidade Imperial.