Usina de dessalinização fecha e agência da ONU teme desidratação

18/10/2023 08:08
Por AP / Estadão

A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) disse nesta terça, 17, que a última usina de dessalinização de Gaza foi fechada, aumentando o risco de mortes e doenças transmitidas pela contaminação da água, como cólera e disenteria. O maior temor, porém, é que parte da população esteja começando a desidratar, segundo a agência. “Gaza está ficando sem água”, disse Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA.

O acesso a pelo menos 50 litros de água por pessoa por dia é o nível mínimo estabelecido pela Organização Mundial da Saúde para realizar tarefas essenciais, incluindo higiene. Acredita-se que a maioria das pessoas em Gaza sobrevive hoje com 3 litros, diz o órgão da ONU. A desidratação causa fadiga, tontura e confusão antes que órgãos vitais, como os rins, parem de funcionar, provocando coma e morte.

De acordo com funcionários da ONU que operam em Gaza, seis poços de água, três estações de bombeamento e um reservatório – que serviam a mais de 1,1 milhão de habitantes do enclave palestino – também estão fora de serviço.

Após os ataques do Hamas, no dia 7, Israel cortou o fornecimento de água para Gaza, juntamente com o de combustível e de eletricidade, que mantinham funcionando as estações de água e esgoto. Mesmo antes do bloqueio israelense, imposto em 2007, a água potável já era uma das maiores preocupações do território.

Sem tratamento

Quase 97% da água do único aquífero de Gaza não é potável. Sem manutenção adequada e com as restrições israelenses, as estações de tratamento ficaram sobrecarregadas. Os resíduos não tratados fluem diretamente para o Mar Mediterrâneo há mais de uma década.

Com o bloqueio total, civis estão sendo obrigados a consumir água da torneira ou cavando novos poços perto do mar, bebendo água suja e salobra. “As pessoas estão tentando buscar água em lugares perigosos, como os poços de mesquitas. Algumas crianças morreram em ataques aéreos enquanto tentavam beber água numa mesquita há uma semana”, disse Jamil Meqdad, pesquisador do Instituto de Estudos Palestinos, em Gaza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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