Viagem de trem pela “cracolândia” carioca
Essa semana o Facebook me trouxe à lembrança uma viagem de trem que eu fiz certa vez quando morava no Rio de Janeiro, há sete anos, para realizar um trabalho fotográfico. Nem todas as viagens são flores e não quero me abster de compartilhar nenhuma delas nesta coluna com você, caro leitor.
Naquela viagem, peguei a linha de trem que liga a Central do Brasil a Belford Roxo. No trajeto, era possível observar um intenso tráfico e uso de drogas próximo à estação do Jacarezinho. Lá, crianças e adolescentes se drogavam em plena luz do dia, aos olhos de quem passasse. Era mais uma das “cracolândias” cariocas.
Fiz registros, na época, do que vi, sob muitos olhares de reprovação dos passageiros do trem – eles tinham medo, afinal não eram raros os relatos do tacar de pedras nos vidros do trem contra quem quer que mexesse com quem lá estava “do lado de fora”.
Eu só pergunto até quando estas pessoas ficarão “do lado de fora” da sociedade em que vivemos.
De lá para cá, já se vão sete anos, o Facebook me lembrou. Infelizmente, parece que a situação por lá hoje não é muito diferente.
Com a sua licença, é preciso dizer. Droga: um problema de saúde pública, que, enquanto ilegal, legaliza a matança de negros e pobres nas favelas, legitima a violência do Estado, enriquece o colarinho branco e desumaniza o olhar sobre o outro. Outro que passa a ser visto apenas como drogado ou traficante e deixa de ser visto como ser humano.
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