Vice de Nunes, coronel Mello se torno amigo de Bolsonaro

22/jun 07:20
Por Monica Gugliano e Zeca Ferreira / Estadão

Acostumado a lidar com armas, o coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo bem que poderia atribuir a escolha de seu nome para ser o vice na chapa do pré-candidato Ricardo Nunes (MDB) a “um tiro que saiu pela culatra”. Mello Araújo recorda que estava em uma entrevista quando um repórter lhe perguntou em quem pretendia votar para presidente: “Respondi que votaria no Bolsonaro”.

Mello Araújo está convencido de que o repórter pretendia criar um constrangimento entre ele e o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que também disputou o pleito em 2018. Não deu certo. À época, o coronel era o comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e diz que ficou quase paralisado quando, algum tempo depois, o próprio Bolsonaro, já presidente da República, apareceu no quartel para lhe fazer uma visita.

Desse primeiro encontro acabou surgindo uma amizade e relação de confiança que se fortaleceu e estreitou com o passar dos anos. Em 2020, Bolsonaro convidou o amigo para ser diretor-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), em São Paulo, o maior entreposto de alimentos da América do Sul. E, para que ninguém tivesse dúvidas sobre a titularidade da indicação, gravou um vídeo em que dizia: “Acreditem: a indicação é pessoal minha. E dessa forma, pode ter certeza: a Ceagesp vai resgatar tudo aquilo que perdeu no passado”.

Militarização

A gestão de Mello Araújo à frente da Ceagesp foi marcada pela militarização da empresa pública e por confrontos com o Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sindbast). O ex-comandante da Rota preencheu a maioria dos cargos comissionados com policiais militares aposentados. Ele instalou um clube de tiro na sede da companhia, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital.

Mello Araújo tentou expulsar o Sindbast da Ceagesp, mas foi impedido pela Justiça. A direção da entidade acusa o coronel de ter invadido o sindicato com seguranças armados após a decisão judicial. Em nota divulgada à época, o Sindbast afirmou que os funcionários e os diretores da entidade de classe foram intimidados pelos homens armados que acompanhavam o coronel. Nascido em São Paulo, no Largo do Cambuci, o Coronel tem 53 anos, é casado e pai de dois filhos. Aposentou-se em 2019 da PM, mas continuou na Ceagesp até o começo de 2023.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimas