Vicenzo Rivetti não tem infraestrutura para receber novos moradores de condomínio

03/09/2017 07:00

Moradores do Vicenzo Rivetti, no Carangola, se queixam da falta de estrutura no bairro para receber no próximo ano pelo menos 2,8 mil novos habitantes, beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida. As obras do maior empreendimento da cidade estão em ritmo acelerado e já passam de 60% de conclusão, mas até agora nenhum grande investimento de infraestrutura no bairro foi notado. 

Quem mora na região sabe das dificuldades que a população enfrenta a cada dia. Marcação de consultas, atendimento médico de urgência, vagas em creches, escolas, e transporte público. Para a Associação de Moradores e Amigos do Carangola, ainda há muito o que ser feito para melhorar. “Nós temos que pensar no futuro, mas baseado no agora. Hoje nós temos essa pequena estrutura que atende muito mal os habitantes do nosso bairro. Então, esse serviço que deveria melhorar, no caso da população crescer de uma hora para a outra, vai acabar piorando e muito”, disse Jorge Lisboa, presidente da associação. 

Atualmente a região do entorno do Vicenzo Rivetti conta com duas escolas e duas creches, que segundo a Associação, atende parcialmente a população local. “Muita gente tem que sair daqui para outros lugares. As creches atendem bem, mas faltam vagas. Vagas que vão ser necessárias quando esses prédios estiverem prontos. Uma das escolas daqui está numa situação precária. Se eu fosse do Corpo de Bombeiros interditaria, porque tem que ser garantido o mínimo de segurança para os alunos. Como você vai abrir vagas se não consegue atender bem ao que tem hoje?” questionou Lisboa. 

Atendimento médico é um outro problema para quem é do Carangola. Só existe uma unidade de saúde, que antes ficava no Vicenzo Rivetti, mas foi transferida para a Estrada do Carangola. “Quem mora no Vicenzo tem que pegar ônibus para ser atendido. Aí o outro que mora no Sertão, no Cidade Nova, no Amoedo, todos têm que vir para esse posto. É tudo concentrado aqui. Então hoje temos uma demanda muito grande. Nossa preocupação é como vamos atender à nova demanda, que vai crescer muito rapidamente”, completou o presidente.  Ele sugeriu construir uma nova unidade para dividir o atendimento. “Tem que descentralizar o atendimento e oferecer suporte à todo o Carangola. Não pode concentrar tudo aqui sendo que não tem estrutura para isso”, concluiu.

O transporte público é um outro ponto que precisa melhorar. A linha que atende ao Vicenzo Rivetti sofre com constantes atrasos por conta dos congestionamentos na Rua Hermogênio Silva, um dos pontos de maior fluxo de veículos da cidade. “Você hoje sai do Carangola uma hora da tarde, e chega no Centro 13h30. Mas se você sai 17h do Centro, só chega no Carangola às 18h. Isso com ônibus lotado, em pé. É muito difícil. Tem que ter muita força de vontade”, disse Rogéria de Paula, professora. Ela mora próximo à área onde estão sendo erguidos os prédios do Minha Casa Minha Vida, e trabalha no Centro. “Vou sentir na pele essa explosão populacional. O que poderia ser muito bem aproveitado, só que de outra forma, com a devida estrutura”, contou. A professora sugeriu que não só a Prefeitura investisse em estrutura. “É preciso que o comércio cresça, que as pessoas invistam aqui, e vejam o Carangola como um ponto de movimento, de lucro, um bairro em fase de crescimento”, contou. 

Para a Associação dos Moradores, o único problema estrutural que foi, em parte, sanado, foi a constante falta de energia elétrica. “Nós tínhamos um problema com apagões. A energia oscilava, dava problema em transformador. Sempre aqui no Vicenzo. Até que a Enel fez a troca dos postes, mexeu na rede elétrica e nos ajudou bastante. Resta saber se vai suportar os novos 776 imóveis com luz ligada o tempo todo”, comentou Jorge Lisboa.

Questionada sobre a falta de investimentos em estrutura na região, a Prefeitura disse em nota que mantém um grupo de trabalho integrado entre as secretarias de Obras e Habitação e Assistência Social, com participação do setor de Convênios e da Caixa. Segundo o órgão, está sendo feito um trabalho de elaboração de infraestrutura do entorno (pavimentação e sistema de drenagem) e técnico-social (capacitação profissional dos futuros moradores e gestão dos condomínios). “Esse grupo se reúne regularmente desde abril, logo após o empreendimento atingir o patamar de 30% de conclusão. Todas as demais secretarias também trabalham no planejamento de infraestrutura de serviços públicos para atender aos moradores da região”, diz a nota. 

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