Vini Jr., Rayssa Leal e Guilherme Gandra

22/dez 08:00
Por Ataualpa A. P. Filho

A prática do esporte de alto rendimento exige, entre outros fatores, determinação, disciplina, treinamentos coordenados e preparação psicológica para lidar com os assédios atrelados à fama.

As instituições responsáveis pela estruturação organizacional das modalidades esportivas, em âmbito nacional e internacional, também são imprescindíveis, uma vez que estabelecem as regras que normatizam as competições para que sejam realizadas com lealdade. Ligas, associações, federações, confederações exercem essa importante função, mas também precisam zelar pela integridade dos atletas para que não fiquem expostos a agressões físicas e/ou morais.

Olimpíadas, campeonatos, torneios mobilizam opiniões dos amantes do esporte. Mas nem tudo é regido pelo amor às práticas esportivas. Há também “doping financeiro”. As cifras envolvidas proporcionam altos rendimentos. Os chamados “cartolas”, que organizam competições, que dirigem agremiações, às vezes, sacrificam os atletas para beneficiar os ganhos econômicos.

As cotas de patrocínio, as negociações, envolvendo as transmissões das competições, são rentáveis. Isso ocorre, porque o esporte tem grande apelo popular. No Brasil, o futebol é a paixão maior do nosso povo. Sobre ele, os investimentos são pesados. Não têm o salário mínimo nacional como referência. No “mercado da bola”, geralmente as transações são efetuadas em moedas estrangeiras. E, hoje, com a internet, ampliou-se o mundo das apostas. As “bets” também movimentam cifras bilionárias. Isso já se tornou um problema para as autoridades governamentais pelo surgimento de sites ilegais de apostas.

Outro problema vinculado às “bets” consiste no assédio de atletas para que sejam coniventes com as manipulações de resultados. E assim, favorecer um determinado grupo de apostadores. Alguns já estão sendo investigados pela conduta “dentro das quatro linhas”, ou seja, isso se tornou caso de polícia.

Mas, hoje quero trazer para a nossa reflexão o brilho das estrelas: vibro quando vejo o brilho de um jovem, ou de uma jovem no topo do pódio, que serve de referência positiva.  A responsabilidade de um ídolo é enorme, uma vez que podem influenciar crianças e adolescentes.

O jovem Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior, mais conhecido como Vinícius Júnior, Vini Jr, nascido em 12 de julho de 2000, no Município de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio “The Best” concedido pela FIFA (Fédération Internationale de Football Association). Foi eleito o melhor jogador do mundo. Em agradecimento pelo troféu recebido, proferiu:

“Não sei por onde começar, porque era tão distante que parecia impossível chegar até aqui. Eu era uma criança que jogava bola descalço nas ruas de São Gonçalo, perto da pobreza, do crime, e chegar aqui é algo muito importante para mim. Algo que estou fazendo por muitas crianças que acham que tudo é impossível.”

Em campo, Vinícius Jr. já mostrou o seu talento. Inquestionavelmente, é um vitorioso. Fora de campo, encontra-se em outra batalha: luta contra o racismo. Tem tatuado na coxa esquerda, ao lado do punho cerrado erguido para cima, a seguinte frase: “Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho nos olhos, haverá guerra”.

No domingo passado (15/12), a jovem maranhense de Imperatriz, de 16 anos, Jhulia Rayssa Mendes Leal, brilhou na pista de skate, em São Paulo. Tornou-se a primeira atleta brasileira tricampeã da Liga Mundial de Skate Street (SLS). Diante da vitória, falou: “Foi um ano muito bom, de muito aprendizado, física e mentalmente. Foi um ano difícil, driblamos as dificuldades e deu tudo certo.”

Vinícius Jr. e Rayssa Leal provaram que é possível sair da periferia e chegar ao topo de um pódio sem se corromper. Os desafios, as dificuldades são enormes, mas não são insuperáveis.

Erguer a Bandeira Nacional, em gesto de vitória, enche de orgulho quem está na torcida. E, na torcida pelo seu time favorito, o grande Guilherme Gandra, de 10 anos, ganhou o troféu “The Best Awards” da FIFA. Raro coração de criança, que mesmo diante de tanta dor, vibra com o seu Vasco. Na mesma solenidade, o atleta do Internacional, Thiago Maia, recebeu o Prêmio “Fair Play”, pelas ações solidárias no período das enchentes no Rio Grande do Sul. E a jogadora Marta Vieira da Silva, a nossa Rainha do Futebol, ganhou o “Prêmio Marta”, pelo belo gol que fez, em junho, no jogo amistoso da Seleção Brasileira contra a Jamaica.

Os atletas também são avaliados pela consciência da responsabilidade social e pelo comportamento ético.

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