Vítimas das chuvas organizam protestos em vários pontos do Centro Histórico

23/03/2022 16:30

A manhã e o início da tarde desta quarta-feira (23) foram marcados por protestos na porta da Prefeitura de Petrópolis. Do lado de fora, dezenas de pessoas, vestidas com camisas pretas, cobertas de luto e revolta, cobrando ação do poder público na prevenção de mais desastres e na solução dos problemas gerados pelos dois temporais que assolaram a cidade nos meses de fevereiro e março. Entre as reivindicações estavam ações como o desassoreamento de rios e agilidade nos trabalhos de contenção de encostas e limpeza dos bairros.

A pedagoga Júlia França é uma das organizadoras do protesto. No dia 15 de fevereiro ela perdeu uma tia e um sobrinho, de poucos meses de vida, no deslizamento que atingiu a Praça Pasteur e as ruas do entorno. A casa dela foi interditada e diante de tanta tristeza e incerteza uma nova chuva atingiu a cidade no último domingo (20) e todo o pesadelo voltou. “A gente quer uma resposta do prefeito. A gente precisa do prefeito. A gente veio para rua porque quer o prefeito. Porque ele não aparece e a gente tem esse sentimento de que foi deixado de lado, de descaso”, afirma.

Na porta da Prefeitura, na Avenida Koeler, no Centro Histórico, a pedagoga e dezenas de manifestantes, de localidades como a rua 1º de Maio, do bairro Floresta, da Rua 24 de maio e da Rua Nova, do Alto da Serra e de tantas outras áreas castigadas pelas duas chuvas, queriam falar com o prefeito. No entanto, quem atendeu as cinco pessoas selecionadas para entrar na Prefeitura e ouvir as explicações do governo foram os secretários e coordenadores de pastas como Saúde (Marcus Curvelo), Articulação Institucional (Rafael Simão), e Defesa Civil (Gil Kempers).

Depois da conversa, Júlia voltou para onde estavam os manifestantes, no portão de acesso ao Palácio Sérgio Fadel, para transmitir as explicações dadas pelos representantes públicos. “A gente falou da limpeza dos rios. Eles disseram que é de responsabilidade do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e que nessa semana já acionaram o estado de emergência, que já há máquinas nos rios. Em relação às encostas, o coronel da Defesa Civil explicou que estão sendo feitos projetos para recuperar as áreas atingidas”, informou aos demais manifestantes.

As explicações, no entanto, não acalmaram os ânimos dos manifestantes, que não deixaram a entrada da Prefeitura e ainda bloquearam a via em protesto. Em seguida, seguiram para outras ruas importantes do Centro Histórico, como a Rua Paulo Barbosa e a Rua do Imperador, também causando interdições. “A gente vem pra rua em defesa das pessoas que precisam, em memória das pessoas que morreram. Foi um descaso. A gente tem que lutar por isso. Temos uma força, com essa união, cobrar uma atitude em cima de coisas que não foram feitas. Queremos o desassoreamento dos rios, uma obra no túnel (extravasor) a recuperação das encostas, melhoria da segurança pública nas áreas atingidas, tem muitas casas sendo invadidas”.

Depois que os representantes dos manifestantes deixaram a Prefeitura, a entrada dos veículos de imprensa foi autorizada e o coordenador de Articulação Institucional, Rafael Simão, deu um pronunciamento sobre o que foi dito aos moradores, além de responder o questionamento da própria imprensa. “A gente ouviu cada reivindicação, que vai desde a limpeza, obras, remoção de pedras. Respondemos a todas as perguntas e deixamos o canal aberto para a comunidade se manifestar, pedir a vistoria, resolver a questão do aluguel social. Tiramos dúvidas, por exemplo, em relação à não obrigatoriedade de laudo para dar entrada no aluguel social”, disse Simão, que informou ainda que no momento da manifestação o prefeito estava percorrendo os pontos de apoio e abrigo às vítimas de chuva.

“Nossa prioridade agora é dar acesso ao local seguro para essas pessoas”, destacou Simão, que lembrou que mais de sete mil laudos de vistorias já foram emitidos e mais de 700 famílias incluídas no aluguel social. “É preciso entender, porém, que com essa nova chuva o cenário mudou. Alguns lugares que já foram vistoriados precisarão ser avaliados novamente”, ressaltou.

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