Vitórias e turismo sem vitória
Não entendo nada de turismo mas acho que o município entende menos ainda pois, como uma cidade turística e sempre vinculada aos benefícios propiciados ao comércio, de um modo geral, como tal assunto é tratado?
A rigor, a época da vinda de turistas é mais nos fins de semana e, evidentemente, quando agregam feriados e é fato constante, precisamente nesses dias, que o comércio fecha apesar de algumas exceções que tornam uma situação desencontrada. Nos velhos tempos, o comércio funcionava aos sábados em expediente normal e nas segundas-feiras, após o meio-dia. Depois a coisa complicou – uma parte continua funcionando assim e outra, invertida, sem que o usuário e, principalmente o visitante, entenda a confusão.
Exemplificando – no último dia 7 de setembro, recebi uma rápida visita de parentes de fora, para almoçarmos juntos. Chegaram às 10h30min, fui ao encontro deles e nos dirigimos ao restaurante, diante daquele tumulto de desfiles “patrióticos” e qual a surpresa? – só funcionava a partir das 12 h. e o único recurso, para nos esquivarmos do acúmulo de pessoas, foi nos abrigarmos em outro local para um cafezinho amigo. Depois de algumas doses da querida rubiácea para justificar nossa permanência no local, retornamos ao restaurante – mas pasmem, ainda faltavam 15 minutos para o acesso e fomos impedidos novamente. Três velhos claudicantes, apoiados em suas respectivas bengalas para se desvencilhar dos inúmeros esbarrões com os circulantes “eufóricos”. Diante de tal receptividade, tivemos que convocar o gerente para finalmente nos acomodarmos no interior do estabelecimento, em paz. De passagem pelos funcionários, murmurei – “Sou da cidade, mas meus primos são visitantes – que imagem que levarão daqui!” Após tal peregrinação familiar, bastante piedosa, encetamos outra para encontrar um estabelecimento para aquisição de biscoitos e algumas cervejas especiais, que não tinham no restaurante – tudo de fabricação local – pela falta de qualquer outras lembranças que pudessem levar para seus familiares, em função do comércio fechado. Na despedida, me desculpei, em nome da cidade, pela má receptividade.
Esse é um pequeno espelho da realidade diante do propagado turismo e beneficio ao comércio em geral, que este precisa dar sua parcela de sacrifício nesses momentos. Portanto, agora que se iniciará uma nova administração municipal, que os responsáveis por tal setor atentem para uma solução equânime para satisfazer os visitantes, como fazem os museus que, em todo o país, não funcionam às segundas-feiras e ponto final, para a devida orientação dos turistas.
Outro detalhe importante mas sem solução, foi a fatídica instalação da rodoviária em local de difícil acesso que deixa o turista confuso para se locomover com as dificuldades que propicia, além de um detalhe preocupante – o piso do local não é antiderrapante e presenciei um trágico escorregão de uma senhora que ficou estatelada no chão caso não a socorresse rápido pois, como é normal, todos se olharam para ver quem teria tal iniciativa – eu, o mais velho, tive.
E caso não fossem os belos pontos a serem visitados, as “desprezadas” vitórias que sobrevivem e as pequeninas pontes curvas, de corrimãos vermelhos, tão peculiares (que numa época passada quase ficaram azuis de “raiva”) e que tanto encantam os visitantes, esta cidade que amo tanto, deixaria muito a desejar.
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