Wagner Moura se emociona com homenagens na CCXP24

07/dez 08:41
Por Nico Garófalo / Estadão

Ao longo de suas 11 edições, a CCXP homenageou diversos nomes que mudaram a cultura pop brasileira. Xuxa, Laerte, Cao Hamburger e Fernanda Montenegro são apenas algumas das personalidades celebradas em edições passadas. Em 2024, foi a vez de Wagner Moura ser homenageado pelo maior evento de cultura pop da América Latina. Nesta sexta-feira, 6, o ator e cineasta teve sua carreira relembrada no Palco Thunder, principal palco da feira, que ficou lotado de fãs do intérprete de Olavo, Pablo Escobar, Capitão Nascimento e tantos outros personagens marcantes – nacionais e internacionais.

O ator admite que, antes de vir à CCXP24, nunca tinha comparecido ao evento. O resultado o surpreendeu. “Isso aqui é um negócio gigantesco”, disse ele em entrevista coletiva antes do painel que o homenageou. “Um evento desse achar que vale a pena me homenagear, eu fiquei super, super feliz. Não tem muito o que dizer, na hora que eles me convidaram, aceitei na hora.”

Em uma retrospectiva de sua carreira, Moura relembrou uma frase de Adriana Falcão, autora da peça Máquina, estrelada pelo ator nos anos 1990. “Ela diz uma frase que eu gosto muito, que é ‘sucesso é quando a mesma coisa que você sempre fez, só que todo mundo começa a prestar atenção’.”

“Eu sempre tive muita coerência do tipo de artista que eu quero ser. Então tem coisas que eu nunca quis fazer. Porque quando você começa a ficar famoso, tem uma série de coisas, da indústria, da celebridade, não sei o quê, que eu nunca gostei”, afirmou. “Pra falar a verdade, primeiro eu faço as coisas pra mim mesmo. Alguma coisa que me faça aprender alguma coisa sobre mim mesmo, que faça que eu entenda algo que eu não sei.”

Com três décadas de TV, teatro e cinema na bagagem, Moura vê com bons olhos a troca de experiências com atores mais jovens e de vivências distintas. “Quando eu fiz Marighella, eu tive uma troca tão grande com atores jovens que viraram meus grandes amigos. Humberto Carrão, Bella Camero, são pessoas que eu adoro, tô observado”.

Engajado, Moura diz que sempre viu a arte como um movimento político. “Sempre gostei muito de cinema político. O cinema que mais me influenciou na vida é o neorealismo italiano, aqueles filmes italianos do pós-Guerra, que são referência para o Cinema Novo (1960-1972), até para filme brasileiro mais recente, como Cidade de Deus. É uma estética que eu gosto.”

“Eu sou um homem que gosta de política, me interesso por política, me interesso por justiça social, por coisas que, a mim, me tocam. Então, me parece natural [fazer produções políticas]. Como eu disse no começo [da coletiva]: eu faço as coisas para mim.”

Isso não quer dizer que ele não tenha desejo de fazer obras de gêneros que se afastem da política. “Não quero ficar preso. Eu quero fazer um lobisomem”, exclamou ele.

“Eu nunca fiz um filme de lobisomem”, comentou. “Eu nunca fiz um filme assim de terror, assim, sabe? De suspense. (…) Lobisomem, além de ter o negócio de gênero [cinematográfico], tem a coisa do personagem em si, que é você entender o que é uma pessoa ser amaldiçoada a ponto de virar uma besta selvagem e de repente devorar as pessoas que ela ama.”

Painel com depoimentos e retrospectiva

Fechando a noite no Palco Thunder, Wagner Moura foi homenageado num auditório lotado, momento que mexeu com o ator. Emocionado, ele acompanhou uma retrospectiva que incluía até mesmo uma entrevista que ele deu ainda criança a uma reportagem local em Rodelas, cidade do interior da Bahia.

Ao longo do painel, o ator recebeu homenagens por vídeos de amigos e colegas próximos, como Vladmir Brichta, Lázaro Ramos, Seu Jorge e Bruno Garcia, além de receber um abraço surpresa no palco de Alice Braga.

Seguindo as homenagens da noite, Kleber Mendonça Filho também apareceu em vídeo. Além de elogiar o ator, o cineasta revelou a primeira prévia de seu próximo filme, O Agente Secreto, estrelado por Moura e Gabriel Leone.

Por fim, o elenco do Vitória, clube do coração de Moura, também mandou um recado por vídeo e uma camisa autografada e personalizada para o ator, que encerrou sua participação no Palco Thunder sambando ao som de Alcione.

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