Xi diz que exército é ‘muralha de aço’ e enfatiza rivalidade com Ocidente

14/03/2023 08:17
Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

Em seu primeiro discurso depois de ser confirmado para um terceiro mandato como presidente da China, Xi Jinping intensificou nesta segunda-feira, 13, seu confronto com o Ocidente, em especial os EUA. Ele prometeu modernizar as Forças Armadas chinesas e transformar os militares em uma “grande muralha de aço” para proteger a soberania nacional em meio a tensões com Washington.

Seu discurso ocorreu ao final da reunião anual do Partido Comunista da China, que durou oito dias e teve como foco tratar da autossuficiência chinesa em temas de ciência e tecnologia. Na sexta-feira, 10, o Congresso Nacional do Povo confirmou a reeleição de Xi e elevou Li Qiang à função de número dois do partido.

Depois de sua confirmação simbólica, já que não havia concorrentes na disputa, Xi prometeu “transformar os militares em uma grande muralha de aço que proteja a soberania nacional, a segurança e nossos interesses”. “A segurança é a base do desenvolvimento, e a estabilidade é o pré-requisito para a prosperidade”, disse.

“Com a fundação do PC e depois de um século de luta, nossa humilhação nacional foi apagada e o povo chinês se tornou dono do próprio destino”, afirmou Xi, em referência ao início do século 20, quando a China foi dividida pelas potências coloniais, uma época que Pequim chama de “século da humilhação”.

Prioridades

Xi, de 69 anos, se tornou o governante mais poderoso em gerações na China quando o PC ratificou sua continuação por mais cinco anos como presidente. Ele agradeceu a nomeação e prometeu tomar as necessidades do país como sua missão, e os interesses do povo como sua régua.

Xi também pediu a consolidação da estabilidade em Hong Kong e a reunificação com Taiwan, que Pequim considera parte de seu território. “A confiança do povo é a maior força que me impulsiona, e é também uma grande responsabilidade sobre meus ombros”, disse. “O grande renascimento da China é irreversível.”

A reunião do PC teve como foco a busca por maior autossuficiência e força em ciência e tecnologia, em meio aos bloqueios americanos ao acesso a equipamentos, chips e outras tecnologias de ponta.

A autossuficiência é uma das prioridades de Pequim, mas a deterioração dos laços com Washington, enfatizada pelos recentes controles de exportação destinados a cortar o acesso da China à tecnologia, tornou ainda mais urgente.

Durante anos, o governo pressionou para que o país se tornasse uma potência tecnológica global, investindo na fabricação de semicondutores e inteligência artificial. Mas, em áreas cruciais, como chips, as empresas chinesas não conseguiram igualar os avanços em outros lugares. Muitos dos campeões nacionais em supercomputação, semicondutores e 5G foram colocados na lista de sanções dos EUA.

Em rara crítica direta aos EUA, Xi disse que as empresas privadas devem “desempenhar um papel maior na promoção da autossuficiência e aperfeiçoamento em ciência e tecnologia para combater a repressão dos EUA.”

Diplomacia

Em meio a pressões para que a China tome partido na guerra da Ucrânia e após tentativas de Pequim de moldar um acordo de paz, Xi deve visitar o presidente russo, Vladimir Putin. Segundo a Reuters, o encontro ocorrerá entre o fim de abril e o início de maio. Putin chegou a dizer, no mês passado, durante visita do chanceler chinês, Wang Yi, que uma visita de Xi já estava planejada, mas sem entrar em detalhes.

A tentativa de encontro ocorre quando Pequim tentar mediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, plano visto com ceticismo pelo Ocidente, já que a China possui relações fortes com Moscou. Ontem, o Wall Street Journal disse que Xi também deve conversar com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, logo após voltar da Rússia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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