Zakk Wylde, ex-parceiro de Ozzy, é estrela de festival em SP

21/jun 07:02
Por Gabriel Zorzetto / Estadão

Zakk Wylde encarna o heavy metal de corpo e alma, até mesmo no mau humor para atender a reportagem do Estadão, por telefone, antes da nova turnê do guitarrista americano pelo Brasil, como parte do festival Best of Blues & Rock, entre esta sexta, 21, e terça, 25, com paradas em São Paulo (dia 22), Rio, Curitiba e Belo Horizonte.

O roqueiro de 57 anos é conhecido por seu trabalho no Black Label Society e pela longa parceria com Ozzy Osbourne, nos palcos e nos principais discos da carreira solo do “Príncipe das Trevas” – posição de destaque no universo da música pesada ocupada por ele desde o fim dos anos 1980.

Mesmo desprovido de muita simpatia, Wylde demonstrou ter afeto pelo país “das pessoas muito gentis” – que ele já visitou várias vezes e “cuja música de rua é incrível”.

Curiosamente, ele afirmou gostar do Sepultura; mas, indagado sobre Eloy Casagrande, disse não conhecer o trabalho do baterista recém-contratado pelo Slipknot, uma das maiores bandas de metal do planeta na atualidade.

Faz-tudo no metal, o autor de Lost Prayer também foi recrutado para turnês com o Pantera, mas agora traz consigo um conjunto próprio, Zakk Sabbath, homenagem ao Black Sabbath, formado ao lado do baixista Rob “Blasko” Nicholson e do baterista Joey Castillo.

“Eu e Blasko estávamos tocando no projeto Metal All-Stars e, considerando que não havíamos ensaiado, perguntávamos ao baterista se ele conhecia alguma música do Sabbath”, relembra. “Quando se trata desse gênero, é uma banda que faz parte da nossa educação. Se você conhece música clássica, você vai saber algo de Bach, Beethoven ou Mozart. Para nós, o terreno comum é o Black Sabbath”, acrescenta.

SAÚDE

E Wylde vai em frente no seu depoimento: “Então, quando nos reuníamos sempre acabava pintando música do Black Sabbath”, esclarece, descartando qualquer envolvimento de Ozzy Osbourne na criação do tributo.

A saúde do cantor de clássicos preocupa fãs no mundo inteiro, afirma. Osbourne abusou das drogas na maior parte da vida e já esteve à beira da morte inúmeras vezes. “Recentemente, foi diagnosticado com mal de Parkinson e precisou se afastar dos palcos. Ele avisa que só quer voltar a ser normal de novo, ser capaz de fazer todas as coisas que ama, apresentar-se e tudo mais. Eu só digo a ele para seguir olhando para frente. E que continue fazendo sua terapia, trabalhando um dia de cada vez. Não há opções”, completa.

O guitarrista Zakk Wylde também não passou incólume aos excessos do rock. Beberrão desde a adolescência, só teve lapsos de consciência quando recebeu um sério alerta dos médicos em meados de 2009. “Tive coágulos sanguíneos e meu médico verificou meu fígado, pâncreas e falou que minhas enzimas estavam bem altas. Ele disse ‘você tem 42 anos agora, quando tiver 45, terá de fazer um transplante de fígado. Se você parar agora, ficará bem, mas se continuar, sabe para onde está indo’. Então foi isso: tive de parar naquele dia”, conta.

Zakk Wylde foge de polêmicas e diz que quer só acertar as letras

Para o músico, tocar metal em um festival de blues como o de agora não será um problema. Em São Paulo, o grupo de Wylde será precedido por Joe Bonamassa e Eric Gales, artistas mais puristas ligados ao gênero afro-americano.

“O Sabbath foi inspirado por John Mayall & the Bluesbreakers, Cream e toda aquela explosão de blues lá na Inglaterra. O Sabbath foi parte disso, com o Led Zeppelin. Eles sempre foram blues”, explica, sem negar a possibilidade de colaborações com os colegas.

PROJETOS

“Veremos o que acontece quando chegarmos aí. Fiz um projeto de Jimi Hendrix com o Eric e já participei de um show do Joe. O Kiko Loureiro (que abre o show do Zakk Sabbath no Rio de Janeiro) também é incrível. Sou amigo de todos os caras”, revela.

Homem de poucas palavras quando questionado sobre assuntos mais controversos, Wylde disse “não prestar atenção” ao fanatismo dos fãs de metal, geralmente criticados pela pouca receptividade a novidades no gênero. E também se esquivou de falar sobre artistas que se posicionam politicamente no palco. O vocalista americano Phil Anselmo – seu colega no Pantera -, por exemplo, já fez saudação nazista em um show.

“Bem, se é isso que eles querem fazer… Quer dizer, estamos nos preparando para tocar algumas músicas do Zakk Sabbath, então estou apenas me certificando de que acertei as letras”, acrescenta.

Best of Blues & Rock

Parque do Ibirapuera.

Av. Pedro Álvares Cabral.

Área externa.

Sábado, dia 22, às 14h.

R$ 250/R$ 500

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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