Zelenski demite aliados na cúpula do governo em tentativa de conter ‘traidores’

18/07/2022 15:30
Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, demitiu dois integrantes da cúpula de seu governo neste domingo, 17, em meio a denúncias de traição no contexto do avanço das tropas russas no Leste do país. Zelenski anunciou as demissões do chefe de segurança do Estado, Ivan Bakanov, e da procuradora-geral da Ucrânia, Irina Venediktova, citando que pessoas ligadas a seus departamentos e de outras agências policiais passaram a trabalhar em colaboração com Moscou.

“Em particular, mais de 60 funcionários do gabinete da procuradora e do SBU (serviço de segurança do Estado) permaneceram em território ocupado e trabalham contra nosso Estado”, disse Zelenski em um vídeo publicado na noite de domingo, 17.

O presidente não sugeriu diretamente que os dois demitidos fossem suspeitos de traição. Ambos são considerados aliados, mas outros integrantes do governo os culpam por não conseguirem eliminar focos de dissidência em suas pastas.

“Todo mundo está esperando há tempo suficiente por resultados mais concretos e, talvez, radicais dos chefes desses dois órgãos para limpar essa equipe de colaboradores e traidores do Estado”, disse Andri Smirnov, um assessor presidencial, em uma entrevista televisionada na manhã de segunda-feira, 18, ao defender a decisão de Zelenski.

De acordo com Smirnov, a Ucrânia já abriu 651 processos criminais contra funcionários de agências de aplicação da lei, bem como do Ministério Público e de órgãos de investigação por “atividades de traição e colaboração”.

Ivan Bakanov é um amigo de infância e ex-sócio do presidente ucraniano, por quem foi indicado para comandar o SBU. Desde o início da guerra, Bakanov se tornou alvo de críticas por supostas falhas de segurança. Rumores sobre a saída dele do cargo começaram a ganhar força há cerca de um mês. A procuradora-geral Irina Venediktova foi substituída por sua vice, Oleksi Simonenko. Venediktova vinha realizando uma investigação sobre crimes de guerra.

De acordo com declarações do mês passado feitas pelo vice-ministro de Assuntos Internos da Ucrânia, Yevhen Yenin, mais de 800 pessoas suspeitas de se envolver em atividades de sabotagem e reconhecimento pró-Rússia foram detidas e entregues ao Serviço de Segurança da Ucrânia desde o começo da guerra.

Ainda segundo o vice-ministro, os ucranianos recentemente frustraram um plano russo para atingir a liderança do governo ucraniano, observando que agora existem 123 grupos de contra sabotagem, compreendendo um total de pelo menos 1.500 agentes em operação em agências de aplicação da lei. Autoridades dos EUA disseram no domingo que trabalham com Kiev há anos para melhorar sua segurança operacional e encontrar “acessos” russos nos serviços de inteligência.

Enquanto os ucranianos trabalham para combater sabotadores e simpatizantes russos em suas fileiras, as tropas leais a Moscou estão enfrentando uma insurgência organizada e cada vez mais eficaz que se engajou em uma campanha para atacar e assassinar representantes nomeados pelo Kremlin nos territórios ocupados.

Autoridades pró-Rússia tomaram medidas para aumentar seu controle sobre a população em territórios ocupados, como criminalizar as críticas à Rússia. Mas os ucranianos continuam a relatar ataques bem-sucedidos a importantes depósitos de munição russos nas profundezas do território ocupado.

Serhii Khlan, membro do Conselho Regional de Kherson, disse em um post no Facebook na segunda-feira que “explosões foram ouvidas na comunidade de Nova Kakhovka desde a manhã”. Ele disse que eram as “munições que queimavam e explodiam” da Rússia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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